Brasil: um mal-estar e seu sonho de superação
- Dimas
- 29 de dez. de 2021
- 2 min de leitura
Por Dimas
Como chegamos aqui? Não é uma questão a ser respondida. Pois já estamos onde estamos. A situação é esta, e está clara. Para nós, brasileiros, a quem escrevo, agora importa mais saber um endereço fixo, e seguro, para onde ir. Chegou a hora de olhar para o momento e refletir sobre a nossa direção. Não é assim que se diz? Importa mais saber para onde ir. E de repente, 2021 chegou ao fim. E com ele o primeiro ano da terceira década do terceiro milênio da era comum. Começamos em uma trilha de escombros, sobre corpos e sobre cinzas. Nada fácil, mas nos mantemos otimistas acreditando num próximo carnaval. E há de se ter otimismo mesmo no pandemônio já que ainda somos brasileiros vivos. Vai vendo...
O ano que não durou, foi muito pouco para quase nada do que podíamos fazer. Agora já passado, despercebido ou ignorado, conta no diário da tragédia os últimos segundos como somatório de corpos anônimos. Bem lentamente os dolorosos sussurros que carregamos nos primeiros dias desaparecem da memória. E nos acostumamos…
O caminho parece ser este dado até aqui. No trajeto, a tragédia tornou-se um costume macabro. Será que estamos muito cansados para se levantar e dizer “chega”? “Basta”? Não há uma gota d'água que transborde o curso dessa história em um movimento contrário? Me pergunto se a terceira década, este lugar no tempo aqui e agora onde estamos, teria começado muito antes. Vivemos num tempo que é sinônimo de crises, sanitária, climática, ambiental, econômica, humanitária e política. Se ele tem se mostrado assim, como não ver suas raízes se lançando sobre o passado? E como não ver hoje a presença desse passado que já anunciava com todos os indícios de um mal-estar generalizado?
Esse mal-estar se preenche com a crise moral e cotidiana que se sintetizou em meados de 2013. Os avisos vieram de todos os lados. Das ruas, as manifestações da juventude nas escolas e universidades, as ocupações, gritavam sobre a necessidade imediata de ao menos se ter coragem de mudar o rumo das coisas. O medo e o ódio mostraram a impossibilidade de se realizar uma conciliação democrática e a atmosfera letárgica foi adensada. E de lá em diante nos acostumamos a catar as migalhas de pão que nos levaram até esse caminho desconhecido.
Às vésperas de 2022, não há muitas dúvidas quanto à escolha entre esquerda, direita ou um terceiro sentido para o caminho até aqui traçado. Até lá devemos estar atentos para que a democracia vença! Precisamos superar a ideia de que “nada mais abala o brasileiro” cuja consequência é o mal-estar e a letargia. E durante esse caminho de superação precisamos manter a chama, da juventude sonhadora e rebelde, acesa…
Revista Menó, nº. 3/2021 (out/nov/dez).
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