Deixa Aysha Catt se Expressar
- Pedro Santos
- 3 de jan.
- 4 min de leitura

Aysha Catt é uma das grandes promessas musicais da Baixada Fluminense, que, meu amigo, só tem talento raro.
Um lugar que merecia muito mais atenção, mas essa é uma reivindicação histórica do território, algo que, com certeza, ainda vai mudar, especialmente com essa efervescência cultural que estamos vendo. Conheci o som dessa artista há alguns anos, sempre mostrando talento e versatilidade, com uma voz linda e potente, e letras que falam de amor, sentimentos, empoderamento e a força explícita das mulheres negras, trabalhadoras e que lutam por sua arte.
Trabalhando com uma estética musical de jazz com drill, acompanhada por instrumentais envolventes compostos por Fesant – um dos grandes produtores da nossa cena, que já trabalhou com artistas como Livinho, entre outros – Aysha Catt desliza nos sons. Ela domina o beat e transforma cada cântico em algo que encanta até os mais céticos.
Começou nas batalhas de rima e não tem medo do embate. Não se intimida com uma cena cheia de homens que se acham e sustentam uma masculinidade tóxica, colocando-se à frente das mulheres como se o gênero musical tivesse dono. Está cada vez mais claro: as mulheres vão dominar tudo – se já não estão dominando.

Essa entrevista com Aysha é uma das primeiras reverências da Revista Menó em 2025. Dar espaço para artistas que lutam por sua arte em territórios que carecem de instrumentos e incentivos culturais, mas que transbordam talentos, é um dos propósitos da revista. Essa também é a estreia de Pedro Santos e sua coluna Acorda Pedrinho, que me cedeu o espaço para introduzir esse novo projeto com este texto introdutório.
Tenho muito orgulho de ver a revista seguir com seu propósito: destacar apostas nossas, como Aysha, que o algoritmo pode até ignorar, mas vamos explicitar. Porque, toda vez que somos esquecidos, produzimos ainda mais. Está registrado: o sistema das coisas está errado e viciado.

Fiquem agora com essa entrevista incrível de Aysha Catt, conduzida por Pedro Santos, a primeira de muitas, em busca de uma realidade sem interferência do algoritmo:
Entrevista
Pedro Santos: Obrigado por aceitar o convite da Menó.
Aysha Catt: Visão, meu cria! É um prazer fazer essa entrevista com vocês, poder expressar minha arte e contar um pouco da minha história.
Pedro Santos: Como chegou no nome do EP? Quais foram as influências pra esse trabalho?
Aysha Catt: Meu EP “Deixa eu me expressar” nasceu de um mix de sentimentos. São 7 faixas, incluindo “Quer usar minha fama”, meu primeiro lançamento, que tá numa versão jersey contagiante — impossível ficar parado, admito kkkk... Ele surgiu de uma fala que tive com um afeto meu, que eu queria isso, queria me expressar pra essa pessoa, dizer pra ela tudo que sinto, expressar os meus sentimentos, o que tem dentro do meu coração, sabe? Todas as faixas eu expresso algo que gosto de fazer, como e onde, quando pensei no nome para o EP não poderia ser outro, já que esse tempo todo eu estava me expressando. Adoro sons com jazz, sax, uma coisa bem melódica, adoro falar de amor, na verdade. Uma das sensações mais maravilhosas que tive nessa vida foi a do amor verdadeiro.
Pedro Santos: Conta um pouco de como foi o processo de composição.
Aysha Catt: Foi uma arte tão gostosa de fazer! Tudo fluiu muito naturalmente. Não tive pressa nem planejava fazer um EP. Ao longo do ano até julho, quando lancei, fui compondo músicas pensando em relações que vivi, tanto amorosas quanto de amizade. Essas músicas nasceram num momento em que eu estava repensando tudo o que aconteceu na minha vida. Com as entregas de beats do meu prod @Fesant e @LDR, montamos esse EP lindo, cheio de emoções e rimas do fundo do coração. A produção deles casou com a minha arte de forma muito natural.
Pedro Santos: Qual(is) música(s) você mais curtiu fazer?
Aysha Catt: Minhas faixas favoritas são "Me amarro em Monogamia" e "Dengo". Sou apaixonada por essas músicas, eu amo ser monogâmica, só sei amar um por vez, kkkkkk. Fiz até uma música pra comprovar isso, só sei viver a dois! “Dengo” vem de uma falta, de uma saudade que sinto de quem se foi, na música eu digo “Vem ficar com o seu dengo, vem aqui pro teu abrigo, aonde vai ter o mesmo carinho, que só tem cmg?” aonde vc vai ter o mesmo cuidado, amor e beijo, q só tem cmg? Estava procurando essa resposta, então coloquei ela na música…

Pedro Santos: Os beats tornam suas letras mais intensas?
Aysha Catt: Com certeza! Fest e LDR mandam os beats, e gosto de ouvi-los de manhã, quando minha criatividade tá nos 1000%. Acho que os beats "cantam" a letra pra gente; é só ouvir com atenção. Como diz o Xamã: “Se me der um bom beat, eu brinco.” Hahaha! Acredito que o beat e a letra se encontram, tem que fluir de forma livre. O beat é o coração da letra, sem o beat a letra fica no espaço, num vazio que não faz sentido, precisamos do beat pra dar emoção, como num filme tem os efeitos especiais. Não sou de usar autotune, mas nada contra, isso também dá todo brilho pra música, acredito que o artista precise do produtor, mas o produtor só com o beat faz o filme fluir, e com a letra mais ainda. Todo trabalho e toda arte é importante!
Pedro Santos: Pra finalizar, quer deixar um recado?
Aysha Catt: Quero agradecer a todos que me acompanham desde 2019, quando comecei nas batalhas de rima. Gratidão aos meus crias que o rap me presenteou. Acreditem no talento que temos na Baixada! Gratidão também à minha família, que me apoia e faz de mim quem sou. Tudo isso me faz ser a Aysha Catt, sem ela nada disso seria possível, então minha gratidão eterna a Aysha de 2019 q sem vergonha de nada fez acontecer a sua história, fez suas vivências e fez surgir a Catt q cativa e q todos a amam!
Axé, muita prosperidade e sucesso pra todos nós em 2025! ✨❤️
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