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Os alienígenas e o pinguim

Por Marcelo Sophos


Era uma bela tarde de sol, a praia estava perfeita com sua típica transparência das águas da Região dos Lagos, no Estado do Rio de Janeiro. As ondas pequenas deslizavam sobre as areias brancas, o sol das 16h queimava suave com a brisa úmida e fresca que vinha do mar. Contemplava o mundo, observando o movimento da vida e refletindo sobre o cosmo. Foi quando vi aquelas criaturas bizarras cercando um pobre animal no canto da praia, onde estavam as pedras com o Forte São Matheus em suas costas. O pinguim fugia como podia.

Os seres estranhos de corpos flácidos, estavam morenos e vermelhos pela radiação solar. A princípio, nenhum deles demostrava racionalidade ou sinal de inteligência, pareciam extremamente primitivos. De onde eles estariam vindo? De que dimensão quântica ou multiverso? Observava-os a média distância, assustado. Ao perceberem que os vi, me ignoraram e continuaram a realizar sua abdução. Seres embrutecidos, esse tipo de espécie não me era tão estranha.

Haviam seres menores que seguiam as ordens dos maiores, agiam em bando, notei que eram os filhotes, estes eram ensinados desde pequenos a barbárie, velhas artes de cerco e caça selvagem. O pobre pinguim seguia sua fuga, nadava e nadava, quando cansava tentava chegar à beira d’água, estava exausto de sua viagem pelo Oceano Atlântico, perdido de seu grupo, amigos e família, a fome o assolava e volta e meia tentava se aproximar da praia ou das pedras para tentar descansar. Mas a perseguição era implacável, mais seres se juntaram em busca de sua captura e finalmente cercaram e subjugaram a criatura. O pavor era nítido em seus olhos.

De repente, um dos alienígenas adentrou a roda de forma cambaleante, segura um cilindro metálico amarelado com um símbolo medonho em espiral, apenas pude ler SCOL no metal. De forma grosseira, passou para o outro o objeto, e partiu todo empoderado para a abdução final do pobre pinguim. Indefeso não ofereceu resistência, o medo o paralisara. Os débeis seres o elevaram ao ar como um troféu que ia de mãos em mãos, faziam algazarras em triunfo, um comportamento bizarro, maldoso ou ignorante, não saberia distinguir. Luzes brancas, mais fortes que o sol eram disparadas em fleches em seus frágeis olhos que ardiam e cegavam.

Depois de um bom tempo, surgiu um alienígena diferente, da mesma espécie, forte e vestido de traje vermelho. Obrigou os demais a largarem o pinguim, parecia explicar alguma coisa sobre o animal estar estressado e cansado, para deixá-lo em paz, sua autoridade se fez valer e salvou o pinguim, por breve momento, pois seu salvador teve que ir salvar outros alienígenas que se afogavam por ali mesmo, na praia. Acreditou que seus pares débeis e inferiores o entenderiam, ou pelo menos seguiriam suas ordens, mas assim que se afastou, a turba voltou a assolar o pobre pinguim novamente.

Após breve tempo, num momento dramático, me aproximei indignado. Percebi que esses seres eram da mesma raça que a minha, apenas mentalmente inferiores. Tentei barganhar a liberdade do pinguim, tentei explicar e esclarecer as mentes trevosas que ali estavam, e finalmente ouvi algumas frases como: “você tem que entender que somos turistas”, “só queremos bater umas fotos”. Não havia espaço para negociações, era o conflito ou o abandono. Diante da turba cega e ignorante, a impotência me dominou, e num último ato de misericórdia, peguei o pobre animal e o joguei com toda minha força, distante para o mar, sob vaias e ameaças. Fiz umas ironias e me recolhi em minha pequenez. Fui embora. E tristemente de longe pude ver, que novamente haviam abduzido o pobre do pinguim. Que o deus celeste o proteja, não apenas ele, mas todos os seres vivos desse planeta da ignorância dos Homens.

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